Hoy celebramos -tendríamos que estar celebrando- el Día das Letras Galegas 2020, dedicado al ferrolano Ricardo Carvalho Calero. Comparto con vosotros este poema suyo que nos acerca a aquel Ferrol de hace un siglo (tiene algunas erratas/faltas si lo comparamos con el gallego de hoy, pero desconozco si el poema original era exactamente así o no):
FERROL 1916
Cinco duros pagábamos de aluguer.
Era um terceiro andar, bem folgado.
Pola parte de atrás dava para o Campinho,
e por diante para a rua de Sam Francisco.
No segundo vivia a minha tia aboa:
Tiña unha peza cheia de paxaros disecados
que só abria os dias de festa
para que os nenos disfrutásemos nela.
Ainda vivia minha mãe
e todos os meus irmaos viviam,
e em frente trabalhava o senhor Pedro o tanoeiro,
e a grande tenda de efeitos navais mantinha o seu trafego.
Na casa tinhamos pombas
e, por suposto, un grande gato mouro;
e o mue pai era novo ainda
e no mar do mundo cada dia descobria eu unha ilha.
Via o mar da minha fiestra,
e chegavam cornetas da marinha.
E baixava os degraus duas vezes ao dia para ir à escola,
e duas vezes rubia-os de volta.
As mulheres entom usavam capa e corsé,
e íamos à aldeia em coche de cavalos,
e a rua estava ateigada de pregons de sardinhas
e de ingleses que vendiam Bíblias.
Eu tinha un pacto con Deus:
que ninguén dos meus morreria.
E o pacto era observado,
e eu confiaba na perenidade do pacto.
Todo isto fica tam longe
que aduro podo ainda lembrá-lo.
Esqueceria-o dentro de pouco tempo
se non escrebese estes versos.
- carvalho calero (en sites.google.com)
Meu, não tem gralha nenhuma, o senhor foi o primeiro catedrático de língua galega e sabia muito bem o que escrevia e como o escrevia o que tu chamas de gralhas é apenas uma outra normativa da escrita galega aquela que nos achega ao português e da que o professor era um dos mais grandes defensores.
Como ele deixou dito
“O GALEGO OU É GALEGO PORTUGUÊS OU É GALEGO CASTELHANO, NÃO HÁ OUTRA ALTERNATIVA”
Eis a ligação a AGLP:
https://www.academiagalega.org/
Obrigado pelo artigo.
Gracias por tu comentario, José; no, no me refiero al uso de la normativa que nos acerca al portugués. Me refiero, por ejemplo, al “mue pai” (en lugar de “meu pai”). No sé si es una errata (del autor o de otros) o si en el poema original era así voluntariamente.